De acordo com o relatório da Atomico, The State of European Tech, a Europa tem atualmente mais de 3.900 empresas de tecnologia em estágio de crescimento (scaleup) e 41.000 startups em estágio inicial – e nos próximos cinco anos, espera-se que pelo menos mais 25.000 startups de tecnologia sejam formadas. O cenário de startups dos EUA também tem razões para estar otimista em 2024, com investimentos que devem crescer este ano.
Ainda assim, há muitos desafios que as startups precisam enfrentar, como o número crescente de ataques cibernéticos. Descobertas recentes, incluindo as do Data Breach Investigations Report de 2024 da Verizon, indicam que em 2023 as pequenas empresas foram alvo de 43% de todos os ataques cibernéticos. Esse risco é agravado pelo fato de que muitas empresas iniciantes não estão totalmente equipadas para lidar com ameaças cibernéticas sofisticadas. Enquanto as grandes corporações podem ter amplos recursos para se dedicar à segurança digital, startups e as pequenas empresas geralmente precisam ser mais estratégicas devido às restrições financeiras e escassez de recursos.
Neste artigo, vamos nos aprofundar nas especificidades de pentests para startups – seus benefícios, tipos, frequência recomendada, preços e muito mais.
O que é pentest para startups?
Os pentests para startups envolvem a realização de um teste de intrusão, ou seja ataques cibernéticos controlados para descobrir e auxiliar a solucionar falhas de segurança nos aplicativos SaaS, APIs e serviços de cloud de uma startup. Essa prática é essencial para proteger dados confidenciais, manter a confiança do cliente e aderir aos padrões de segurança cibernética e às normas de conformidade como SOC 2, ISO 27001 e LGPD.
Ao contrário de grandes corporações, as startups geralmente operam com recursos financeiros limitados e precisam priorizar o crescimento rápido e desenvolvimento de software em um passo acelerado. Esse contexto exclusivo torna os pentests cruciais para garantir que a segurança não se torne uma atividade tardia na corrida para o mercado.
No contexto das startups, os testes de intrusão servem não apenas como um mecanismo de defesa contra ameaças cibernéticas, mas também como uma ferramenta estratégica para:
- Criar uma cultura security-first: Estabelecer a importância da segurança desde o início cria um precedente para todos os futuros desenvolvimentos e operações, enfatizando que a segurança e a inovação andam de mãos dadas.
- Atrair investimentos: Demonstrar um compromisso com a segurança por meio de testes rigorosos de intrusão pode tornar uma startup mais atraente para os investidores em potencial, que ficam tranquilos com as práticas proativas de gerenciamento de riscos.
- Acelerar a entrada no mercado: Ao identificar e atenuar as vulnerabilidades com antecedência, as startups podem evitar atrasos associados a preocupações com violações de segurança, garantindo um caminho mais suave e rápido para o mercado.
O pentest para startups é adaptado às suas necessidades específicas, ao estágio de crescimento e às restrições de recursos, o que o torna um componente essencial de uma estratégia abrangente de segurança cibernética que apoia o ambiente dinâmico e inovador de uma startup.
Varreduras de vulnerabilidade vs. pentests: entenda as diferenças
Os testes de intrusão são frequentemente confundidos com a varredura de vulnerabilidades; no entanto, os dois são tipos muito diferentes de análises de segurança. Em resumo, a varredura de vulnerabilidades tem como objetivo detectar vulnerabilidades baseada em assinaturas, versões conhecidamente vulneráveis, etc., enquanto o teste de intrusão vai um passo além para explorar ativamente as vulnerabilidades de forma controlada.
A varredura de vulnerabilidades é um processo automatizado que utiliza um software para examinar um sistema em busca de vulnerabilidades conhecidas. Ele fornece uma lista de vulnerabilidades que precisam ser corrigidas, mas não as explora, o que às vezes pode levar a falsos diagnósticos (falso-positivo) acerca da vulnerabilidade e do risco que ela traz.
O pentest, em contrapartida, é uma abordagem mais abrangente em que os analistas de segurança especializados em red teaming e teste de intrusão identificam fraquezas e vulnerabilidades, configurações incorretas, e outros tipos de brechas para tentar explorá-las e ganhar acesso a sistemas críticos ao negócio, simulando o que um invasor real faria. Uma análise de pentest fornece uma análise aprofundada dos pontos fracos do sistema e do possível impacto de um ataque, com provas de exploração das vulnerabilidades.
Quais são os benefícios de um pentest para startups?
Um teste de intrusão é recomendado para startups, independentemente do estágio de desenvolvimento em que se encontram: fase de formação, validação ou crescimento. Alguns dos principais benefícios da realização regular de avaliações de segurança cibernética estão relacionados aos seguintes aspectos:
- Conformidade regulatória. Muitas startups operam em setores regulamentados por normas legais e de conformidade (por exemplo, LGPD, SOC 2, HIPAA, ISO 27001, PCI DSS). Um dos principais motivadores da realização de um pentest é a obtenção de conformidade com o SOC 2, especialmente nos últimos anos. Os testes de intrusão ajudam a garantir a conformidade com essas normas e auditorias, demonstrando um compromisso com as práticas recomendadas de segurança e evitando possíveis multas e problemas legais.
- Proteção contra violações de dados. Ao identificar e corrigir vulnerabilidades com antecedência, as startups podem reduzir significativamente o risco de violações de dados. Isso é fundamental para proteger informações confidenciais, como dados de clientes, propriedade intelectual e registros financeiros, protegendo os ativos e a reputação da empresa. A proteção de dados confidenciais é uma preocupação fundamental, pois as startups frequentemente lidam não apenas com sua propriedade intelectual, mas também com dados confidenciais de clientes.
- Confiança e fidelidade do cliente. De acordo com a pesquisa State of Start Security 2022 da Vanta, 57% das startups são solicitadas por clientes em potencial a comprovar suas medidas de segurança. A falta de certificação adequada, de auditorias de segurança ou, no mínimo, de um relatório detalhado recente após uma avaliação de pentest pode prejudicar o crescimento de uma empresa e prospectos de negócios, especialmente em seus estágios iniciais.
- Requisitos do fornecedor/terceiros. As startups geralmente passam por testes de intrusão não apenas porque os parceiros podem exigir um relatório, mas também para aumentar a confiança nos relacionamentos com fornecedores e terceiros. Ao comprovar a segurança de seus sistemas por meio de testes minuciosos, as startups demonstram sua dedicação à proteção de dados, aumentando sua credibilidade perante as grandes corporações que têm padrões de segurança rigorosos.
- Postura de segurança e resiliência aprimoradas. Os testes regulares de intrusão ajudam as startups a desenvolver uma postura de segurança robusta, identificando e solucionando continuamente as vulnerabilidades. Esse processo contínuo melhora a segurança e aumenta a resiliência da startup contra ataques cibernéticos.
- Vantagem competitiva. Em mercados competitivos, as startups que demonstram um forte compromisso com a segurança cibernética por meio de atividades como testes de intrusão podem obter uma vantagem competitiva. Isso é especialmente verdade quando os clientes estão cada vez mais conscientes da conformidade com os padrões de segurança cibernética.
Quais são os tipos de pentests para startups?
Os pentests para startups e outras emprsas podem ser categorizados em três tipos principais com base no nível de informações fornecidas aos pentesters sobre o sistema-alvo. Cada tipo oferece uma abordagem e um insight diferentes sobre a postura de segurança de uma startup, ajudando a identificar vulnerabilidades de várias perspectivas. Compreender esses tipos – testes de black box, white box e grey box – é fundamental para que as startups escolham a abordagem mais adequada às suas necessidades.
Black Box
Nos testes de black box, os pentesters de intrusão não têm conhecimento prévio do funcionamento interno do sistema da startup. Eles abordam o sistema de forma semelhante a um hacker externo, sem acesso a códigos-fonte, diagramas de rede ou qualquer documentação detalhada. O teste de black box é útil para as startups que buscam entender como um atacante externo pode fazer a intrusão em seus sistemas. Ele pode ajudar a identificar vulnerabilidades em aplicativos voltados para a Internet, plataformas SaaS self-signup e redes externas. No entanto, ele pode não ser tão completo na identificação de problemas de segurança mais profundos no sistema devido à falta de informações internas.
White box
Os pentesters recebem conhecimento total do sistema, incluindo acesso a códigos-fonte, infraestrutura de rede, documentação e credenciais. Esse tipo de teste é vantajoso para as startups porque oferece um mergulho profundo em sua postura de segurança, descobrindo vulnerabilidades que podem não ser visíveis apenas por meio de testes externos. É particularmente útil para testar aplicações complexos e garantir que os sistemas internos estejam protegidos contra ameaças que possam surgir de dentro da empresa ou de invasores externos sofisticados que consigam contornar as defesas externas.
Grey box
O teste grey box oferece um meio-termo entre os testes de black box e white box. Os pentesters têm conhecimento parcial do funcionamento interno do sistema, o que pode incluir acesso limitado à documentação, aos diagramas de rede ou às credenciais. O teste na modalidade grey box é adequado para startups, pois oferece uma perspectiva realista das vulnerabilidades de segurança que os invasores internos ou externos poderiam explorar com algum nível de conhecimento do sistema. Ele é eficaz para avaliar as medidas de segurança externas e internas e pode ajudar as startups a equilibrar a profundidade dos testes com os recursos disponíveis.
Procurando por um fornecedor de pentest? Coloque à prova suas defesas cibernéticas.
Entre em contato conosco para um orçamento
Recomendações de análise de segurança para startups em diferentes estágios de crescimento
A escolha da avaliação de segurança correta para uma startup depende de vários fatores, incluindo o tamanho, o estágio de crescimento, a complexidade da infraestrutura, os requisitos regulamentares e os recursos disponíveis. Na Blaze, temos experiência em testar a segurança de centenas de startups em diferentes estágios de crescimento. Aqui estão nossas recomendações sobre quais tipos de testes de segurança são melhores em um determinado estágio e com que frequência realizá-los:
Startups em estágio inicial na fase de formação ou validação
No estágio de formação e validação, as startups devem começar com a varredura automatizada de vulnerabilidades. Esse processo, que pode ser configurado para ser executado em regularidade, serve como uma primeira linha de defesa, ajudando a identificar e corrigir vulnerabilidades comuns na infraestrutura e nos sistemas sob escopo sem esforço manual significativo.
Além disso, recomenda-se a realização de pelo menos um teste de intrusão anual sob a perspectiva grey box ou white box. O teste grey box oferece uma perspectiva equilibrada, fornecendo insights sobre possíveis vulnerabilidades com algum nível de conhecimento interno, semelhante ao de um invasor que possui informações limitadas sobre o sistema.
O relatório obtido como resultado do pentest pode ser usado para certificações, metas de conformidade ou atestado de segurança cibernética para os clientes.
Startups em estágio de crescimento
À medida que uma startup passa de seus estágios iniciais para uma fase de crescimento, a complexidade de suas operações, plataformas e sistemas, o volume de dados que manipula e sua visibilidade no mercado aumentam. É nesse momento que, além da varredura de vulnerabilidades, as empresas devem começar a realizar testes de intrusão com mais frequência. Recomenda-se um pentest trimestral ou um pentest contínuo.
Nesse momento, é um erro bastante comum as empresas não realizarem o pentest em todas as suas plataformas críticas. Colocar fora de escopo sistemas como painéis de controle internos os deixa vulneráveis a ataques. A recomendação mais importante para as startups em crescimento é testar todas as suas principais plataformas.
Tipo e frequência recomendados de testes de segurança para startups
Como escolher um fornecedor de pentest?
Ao escolher serviços de pentest, é essencial saber que só vale a pena fazer testes de alta qualidade. Mas como saber quais fornecedores têm a excelência técnica necessária para o trabalho?
As dicas da equipe de segurança do Google sobre a seleção de fornecedores de testes de intrusão proporcionam uma boa diretriz sobre o que procurar em seu parceiro de segurança cibernética. Você também pode consultar nossa publicação abrangente no blog sobre o assunto e o infográfico abaixo.
Uma empresa de pentesting de boa reputação o ajudará a escolher a solução certa para as suas necessidades, quer você queira se preparar para ataques reais, obter conformidade com as normas ou obter conselhos práticos para melhorar suas defesas.
Como as startups devem se preparar para o primeiro pentest?
Ao se preparar cuidadosamente para o primeiro teste de intrusão, você pode maximizar sua eficácia e garantir que ele forneça insights valiosos para melhorar as defesas de segurança cibernética da sua startup. Aqui está um guia para ajudá-lo a se preparar de forma eficaz:
- Defina o escopo: Comece identificando quais partes da sua rede, sistema, aplicações que você deseja testar. Pode ser sua rede externa, rede interna, aplicativos web, mobile ou APIs. O escopo deve garantir uma cobertura abrangente que cubra os aspectos críticos dos ativos digitais da sua startup. Discutiremos os detalhes do escopo mais adiante.
- Determine os objetivos: Você está pretendendo realizar o pentest para estar em conformidade com normas específicas, procurando vulnerabilidades gerais ou concentrando-se em áreas em que suspeita de pontos fracos?
- Escolha o tipo certo de pentest: Entenda os testes mencionados acima – black box, white box ou grey box – e decida qual é o mais adequado para suas necessidades. Os testes de black box simulam um ataque externo sem conhecimento prévio do sistema; os testes de white box fornecem ao testador informações completas sobre o sistema, e os testes de grey box são uma mistura dos dois.
- Comunique-se com a sua equipe: Informe aos membros mais importantes da equipe sobre o teste. Certifique-se de que eles saibam o que esperar e como distinguir entre o teste e um ataque real. Decida se deseja que o teste seja um teste “cego”, em que apenas algumas pessoas sabem que ele está acontecendo, ou se todos devem estar cientes.
- Faça backup dos dados: Certifique-se de que seja feito o backup de todos os dados essenciais. Embora os testes de intrusão sejam geralmente seguros, ter backups atualizados é sempre uma boa prática.
- Logística e cronograma: Programe o teste em um horário que minimize a interrupção das operações comerciais.
- Tenha um plano pós-teste: Planeje como abordará as descobertas. Isso inclui a alocação de recursos para corrigir vulnerabilidades e possivelmente agendar um novo teste.
Como definir o escopo de uma primeira análise de segurança?
O primeiro teste de intrusão deve se concentrar estrategicamente nas áreas críticas em que a probabilidade e o impacto de uma violação seriam maiores. Veja a seguir um escopo recomendado e adaptado para uma startup de tecnologia:
Testes de aplicações web e API: Como as startups de tecnologia geralmente dependem muito de aplicativos SaaS, serviços web e APIs, esse tipo de teste foca em vulnerabilidades comuns no OWASP Top 10 como SQL injection, SSRF, XSS (cross-site scripting) e endpoints de API inseguros. Certifique-se de que os mecanismos de autenticação, autorização e validação de dados sejam robustos.
Infraestrutura e armazenamento em nuvem: Se estiver utilizando serviços em nuvem (por exemplo, AWS, Azure, Google Cloud Platform), inclua testes de configuração e armazenamento em nuvem. Verifique se há configurações incorretas, controles de acesso inadequados e criptografia de dados imprópria.
Segurança de aplicativos mobile (se aplicável): Se a sua startup tiver um aplicativo móvel, inclua-o no teste. Concentre-se em áreas como vazamento de dados, manipulação de sessões e integração com serviços externos ou APIs.
Teste de intrusão de rede: Realize testes de rede externa e interna. Externamente, concentre-se em firewalls, dispositivos de borda e pontos de acesso remoto. Internamente, avalie a segurança das redes sem fio e os mecanismos internos de transferência de dados e a rede interna em si, caso ela exista no modelo mais tradicional.
Segurança de endpoint: Avalie a segurança dos dispositivos que acessam a sua rede (laptops, smartphones, estações de trabalho). Isso inclui o teste de vulnerabilidades que podem ser exploradas por meio de ataques de phishing ou malware.
Ao planejar seu teste de intrusão, é essencial fazer parceria com um fornecedor que entenda os desafios e as nuances exclusivas do ecossistema da sua startup. Eles podem (e devem) adaptar o teste à sua stack de tecnologia específica, ao ambiente operacional e ao modelo de negócios.
Quanto as startups devem gastar em um pentest?
O preço de um pentest depende de vários fatores, como o tamanho da organização, o tipo de avaliação, o escopo, os requisitos específicos de conformidade e a experiência e a reputação do fornecedor do pentest. Testes simples de aplicativos web ou APIs geralmente são mais baratos, enquanto uma avaliação mais completa dos ativos da empresa consumirá muito mais tempo e recursos, aumentando significativamente o preço do pentest.
O custo médio de um teste de intrusão profissional no Brasil gira em torno de R$ 15,000 a R$ 45,000. Entretanto, com base nas complexidades do projeto, o preço pode ultrapassar a casa dos R$ 100,000.
Escrevemos uma postagem completa no blog sobre os fatores que influenciam os preços dos testes de intrusão.
Na Blaze, oferecemos descontos especiais para startups em estágio inicial para ajudá-las a garantir seus primeiros passos nos negócios. Entre em contato conosco para obter uma cotação de pentest personalizada.
Conclusão
É fato que muitas startups deixam a segurança cibernética de lado. Infelizmente, essa atitude pode deixar as empresas vulneráveis a ataques. Considerando as taxas crescentes de crimes cibernéticos, especialmente ataques como phishing e ransomware apoiados pelo modelo RaaS, não investir em defesas cibernéticas fortes só pode ser descrito como negligência.
O pentest para startups e pequenas empresas, além da a varredura de vulnerabilidades, são aspectos essenciais de uma estratégia robusta de segurança cibernética, especialmente se estas não possuem os recursos extensos de organizações maiores. Considerando os recursos limitados e o impacto potencialmente devastador de uma invasão em empresas menores, compreender e empregar efetivamente diferentes tipos de testes de segurança pode ser um diferencial importante para a sobrevivência e o sucesso de uma startup.